Conflitos – Gilles Caron

Categoria
Exposicao Antiga

04 NOV 2017 – 10 JAN 2018

Gilles Caron que, no início, via o correspondente de guerra como um herói, desde muito cedo começou a questionar o sentido e o valor da sua profissão. Foi um dos primeiros fotojornalistas a mostrar sinais de um enorme conflito interior e uma espécie de crise moral: seria suficiente ser testemunha ou mero espectador? Poderia fazer mais do que fotografar? As suas respostas levaram-no a afastar a sua câmara das imagens cliché e a deter-se, pelo tempo que fosse necessário, na vida e no sentimento de todos aqueles tocados pela guerra.

Estas suas imagens não são retratos no sentido clássico do termo – as identidades não são nunca conhecidas por nós – e aproximam-se mais do esboço à maneira do desenho que tenta, como num roteiro ou guião, fazer-nos encontrar o que presumimos saber. Na verdade, as suas fotografias confrontam-nos com o lugar mais profundo da nossa inquietação – um dia, alguém também poderá perguntar pelo nome daquele rosto que é o nosso.

Exposição organizada em parceria com a Fondation Gilles Caron e School Gallery.

A Fondation Gilles Caron tem como principal objectivo disponibilizar o espólio de Gilles Caron à comunidade de investigadores, académicos e público em geral. Procura ainda promover e divulgar o trabalho do fotógrafo, especialmente através de exposições e publicações, sublinhando sempre o papel determinante desempenhado pelo fotógrafo na história do jornalismo e da arte.

 

Gilles Caron

gilles caron

 

Gilles Caron, nascido em 1939 em Neuilly-sur-Seine e apelidado por Henri Cartier-Bresson de “Robert Capa francês”, apesar da infelizmente curta carreira trouxe ao fotojornalismo francês uma nova vida.

Em 1959 e depois de iniciar os estudos superiores em jornalismo, Gilles Caron cumpre 22 meses de serviço militar na Argélia, período que o marcará profundamente. Em 1966 fundou com Raymond Depardon, entre outros, a agência Gamma e a partir desta altura cobriu todos os grandes acontecimentos da época: Médio Oriente, Vietname, Chade, Irlanda do Norte, Biafra… Onde quer que existisse um conflito, Gilles Caron estava lá com a sua câmara para o registar, até ao fatídico dia 5 de Abril de 1970 em que desapareceu no Cambodja numa zona controlada pelos Khmer vermelhos.

Enquanto repórter de guerra, Caron encontrou-se inúmeras vezes com situações extremas mas nunca deixou de se emocionar com o cinema Nouvelle Vague e a fervilhante cena musical francesa dos anos 60. Trabalhou ocasionalmente nos filmes de Godard e Truffaut e até como fotógrafo de moda. Este desvio até ao mundo do cinema e da moda que, à partida, poderia ser visto como algo estranho ao seu trabalho, afinal deixou uma marca importante no seu vocabulário estético, como pode ser visto nas suas fotografias das manifestações do Quartier Latin ou das ruas do Ulster.

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